segunda-feira, outubro 20, 2008

Na tentativa de ter piada...

Pediram-me para a escrever coisas com piada, alegres! Mas este blog é o estado da minha alma, transparência cristalina do que sinto... Que me desculpem por ter dias maus!
Mas podemos fingir que estamos bem, é um facto! Podemos fingir isso muito bem, eu sei, porque o faço. Eu sei, porque o faço muito bem! Tão bem, que às vezes acredito nesta minha falsidade altruísta, para que tu não chores comigo.
É esta a minha alma, rir quando o coração nos chora e gargalhar quando o coração nos sorri... Chorar, isso é que não! Eu sorrio, e dou gargalhadas, evito a lágrima.
Choremos sozinhos, escondidos na nossa armadura de carne, entre os nossos músculos contraídos de desespero e as entranhas pútridas de saudade. Chapinhemos nas pocinhas de água salgada que encontramos aqui e além, apanhemos todos os espinhos e cardos que encontrarmos neste músculo tísico mal amado! Ah, vivans, vivamos na harmonia triste deste corpo que quebrado, desmantelado, se ergue firme, renovado, com um sorriso lindo e enojado. Ah vivans, vamos fingir e acreditar na nossa mentira... finjamos e vivamos! E sejamos felizes!
Choro apenas na presença dos que me conhecem melhor que ninguém, em frente àqueles que fazem parte da minha carne, em frente aqueles que mesmo que nos olhem nos olhos e não nos vejam lágrimas, sabem que choramos!! Não preciso verter lágrimas sequer para perceberes o meu sorriso. Eu sou assim, é do sorriso à gargalhada (bem sabes!), é assim que a vida me corre, é assim que lhe fujo, é assim que te rapto e te levo comigo porque te faço sorrir mesmo estando eu perdida e angustiada... É assim que me escondo e só sou descoberta por quem quero, por quem me encontra!
É assim que vos minto, é assim que vos engano! Por exemplo, este texto não é realmente o estado da minha alma. A transparência cristalina está nos olhos de quem me conhece.

Resumindo;
Só estou a experimentar uma nova forma de escrever, estilos diferentes... Só isso! Gostaste?! Mórbido outra vez?! Poças, queres que escreva sobre quê?!
Sobre a Bela e o Burro?!
Então seja; eis que a Bela com medo de ficar velha, atirou-se da janela e caiu em cima do burro! E... Podiam ter saído a cavalgar por ali fora e serem felizes... Mas o mais provável teria sido outra coisa! Não a vou escrever, mas bem sabes que ficaram estatelados no chão! ;)
Vamos mentir?! Vamos enganar? VAMOS!
A Bela caiu no chão, mesmo em cima do fardo da palha que alimentava o Burro, saindo ilesa de tamanha queda! O Burro que estava sossegado, surpreendido com aquele barulho, virou-se para a Bela com ar de poucos amigos e disse:
- Vens tarde e ainda por cima cais em cima da palha, bem que podias ter caido no balde da água!
- No balde da água!? Ia ficar toda molhada, 'tás parvo?!
- 'Tá caladinha e monta aí se queres!
A Bela montou o Burro e foram estrada fora em direcção ao pôr-de-sol vermelho, que os fundiu num ponto negro longínquo. FIM
Ah, e... Foram felizes para sempre!

4 comentários:

Anónimo disse...

só peço para escreveres, para nunca deixares de escrever! não peço para escreveres coisas alegres...simplesmente quando leio as tuas palavras sinto o teu estado de espírito e como tua amiga, irmã de coração, gémea de feitio ;) fico triste quando leio as tuas “tristezas”, preocupada quando sinto que não estas bem… beijo! Susana

P.S. nao me conseguiste fazer rir, porque nao consegues mentir nem mostrar um estado de espirito que nao estas a sentir! esta ultima versao da historia do burro e da bela foi muito mal contada!!

Alma disse...

Olá Susana,
Estou numa fase da vida em que gargalho quando a vida me sorri!! Estou feliz e tu sabes! Não te preocupes...
A história mal contada é porque na realidade, eles só poderiam morrer! De velhice, suicídio, desespero, loucura... Na ficção pude fazer o que quis, foi de aproveitar! E o que eu quis foi que eles fossem felizes mesmo que o cenário fosse de discussão, desordem, desentendimento... Foi possivel nesta história mal contada. Mal contada porque não acreditaste que tenham sido felizes! ;)
Beijo AS

Anónimo disse...

nem tu acreditas ;) Susana

Tentativas Poemáticas disse...

Olá vizinha e alma fingidora
Vim agradecer-lhe a amável e sempre desejada visita. E valeu a pena lê-la.
Já é tão batido o poema de F.Pessoa : Fingidor, mas sabe, eu também finjo, por vezes desta maneira:

Era tão novo : eu sonhei !
E fingi no peito uma dor
E com ela eu acordei.
Estarei a ser fingidor ?

Tornando assim a fingir
Teimo não querer aceitar
Tudo aquilo que a dormir
Também eu finjo ao acordar

O meu sonho fingimento
O despertar desalento
O querer fingir rejeitar

Finjo ser velho e cansado
Finjo não estar acordado
Finjo saber ainda amar !

Beijinho com ternura
António