terça-feira, julho 29, 2008

Inteligência Emocional

Perante uma situação de desalento, ou desmotivação temos que ter uma jogada de inteligência emocional. O que é isto? Talvez não saiba responder por definição, mas por experiência.
Uma jogada de inteligência emocional, é conseguir contrariar as nossas emoções, mas com estilo, com nível, de forma a surpreendermo-nos a nós próprios! É qualquer coisa do género; estou tão triste, mas dar uma gargalhada que veio não sei de onde, nem porquê, nem me apercebi, mas surpreendi-me! É dar colo à nossa tristeza, embalá-la, adormecê-la. É mimarmos a nossa pessoa, dar-lhe coisas boas, mandá-la ao ar e fazê-la sorrir. Temos que nos mimar nos nossos momentos difíceis, tirar um tempo para nós! Observar as nossas reacções perante situações de stress, e criticá-las como se pertencessem ao nosso melhor amigo! Nós permitiríamos que o nosso melhor amigo tivesse este comportamento? Se não, também não o queremos para nós! Esta é mais uma jogada de inteligência emocional. Damos conta e já estamos a viver novamente, a sorrir, nem que seja do disparate que nós próprios cometemos. Tiremos um tempo para nós, mas não um tempo infinito que nos leve ao silêncio, ao desalento, a uma sala sem portas nem janelas!
A questão aqui, é não desistir de nós, acreditemos que tudo à volta tem uma resolução. Tudo se resolve, mas não podemos ficar a espera que se resolvam sozinhas. Hoje em dia desmotivação pode ser considerado um luxo! Só se pode desmotivar quem tem uma vida, uma alma, um espírito recheado de riquezas, de experiências, de tudo... Não nos podemos dar ao luxo de ficar impávidos e serenos a assistir à nossa auto destruição. Sim, porque a falta de auto-estima é o inicio do caminho para a nossa dissipação, desintegração, alienação do mundo, quando damos conta já não estamos cá, estamos do outro lado da vida. (como sabem o outro lado da vida, enquanto estamos vivos, é o sono profundo).

Nos meus momentos difíceis conto comigo, com as minhas atitudes, com a minha luta. E se nessa luta precisarmos de uma amigo, arrastemo-lo que se for verdadeiramente nosso amigo irá para batalha connosco. E esta é uma luta em que só podemos ganhar porque só dependemos de nós, da nossa táctica, da nossa estratégia, das nossas armas. Conhecemos o nosso inimigo melhor que ninguém.
Não estou a dizer para mudarmos a situação, é mudar a forma como a vemos e vivemos, isso faz toda a diferença. Não é deixar passar, não é esquecer, não é deixar andar porque um dia vai passar. Tudo o que não se resolve continua a ser um problema, que mais tarde ou mais cedo nos assalta o pensamento.
Quero partilhar uma frase de um grande poeta, que como sabemos teve que inventar mil e uma personalidades, sabe-se lá porquê.
Acredito que tenha sido um dos homens mais inteligentes emocionalmente.

“Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...”
Fernando Pessoa

quarta-feira, julho 23, 2008

Amor Cigano

Foi à hora certa,
Num encontro não marcado
Que a nossa vida ganhou lugar.
Foi num outro dia,
Sem aviso ou marcação
Que a nossa vida ficou revirada.
O combinado foi viver este amor
Como se fosse cigano,
Sem lugar certo,
Sem hora marcada.
Há nuvens, e o vento tudo sacode,

Tu não vens.
Não sei onde estás,
Se voltas a casa.
Se ficas, se vais...
Se te perdes e não te vejo.
O compromisso foi não esperar.
E se não podes voltar?
Este amor é cigano.
Incerto de se viver,
Mas que nos dá vida,
Agora,
Não sei se fique se parta.
Sei que comecei a gostar da nossa casa.
E enquanto sentir este amor no peito,
Não me interessa, vou esperar!
AS

segunda-feira, julho 21, 2008

O nosso "governo"

Hoje em dia é noticia em todo o lado que a vida está difícil. E a esperança para os jovens não é nenhuma, pois a perspectiva é a tendência a piorar. Dizem os entendidos na matéria, que o futuro dos jovens é apostar no estrangeiro ou apostar na sua educação. Sim, porque hoje em dia já não basta ter um curso da tanga, temos que ter uma pós-graduação, um doutoramento, um mestrado, uma especialização, etc. Temos que andar a queimar as pestanas nos livros, e quando quisermos entrar para o mundo do trabalho, digo antes, mundo do emprego, temos 40 anos e não temos direito a reforma!!
A verdade é que começo realmente a ponderar tirar um novo curso, mas depois não será que vou ter habilitações literárias a mais? É que depois os empregadores não querem pagar muito, para aí uns 500€ serve perfeitamente! Mas se formos mestrado, ou doutorados, ou especializados... ora bem, têm que nos pagar 1000€!! E isso a malta não quer! Ah poi’não! Ora se posso pagar a um otário 500€ porque é que vou pagar 1000€ a outro otário? A vida é que nos ensina, a experiência é que nos especializa!... Por isso é que os anúncios dizem: “experiência mínima de 2/3 anos” Em que ficamos? Tiramos cursos, ou adquirimos experiência? Ou as duas coisas ao mesmo tempo? É a minha mãe costuma dizer “o tempo bem dividido dá para tudo...” Bolas! Um dia agora tem 30h, não?
Os jovens licenciados que estão a trabalhar na área – o que já é uma grande sorte hoje em dia - não pensem que vão sair da cepa torta! Não é por estarem a trabalhar na área que vão longe! O curso que andaram a tirar já não serve para nada. Bem, deve servir para alguma coisa, nem que seja para a auto estima pessoal, ou frustração... Eu já nem sei muito bem se me sinta valorizada, ou frustrada. O que sei é que tenho a sorte de estar a trabalhar na área, a receber muito menos que a “Ermelinda” que passa a ferro em casa dos meus pais! Sim, porque eu não recebo para pagar a “Ermelindas”... Nunca vou receber, a não ser que tire um mestrado e vá para o estrangeiro, mas para fazer isto tenho antes que ganhar o Euromilhões, porque tudo isto tem despesas, certo?
E se o Darwin viesse agora para o nosso rectângulo fazer um estudo, chegaria às brilhantes conclusões que tirou nas ilhas Galápagos? Não me parece, talvez nos explicasse a teoria do retrocesso das espécies!
Tudo isto porque os nossos pais, acabam por ter mais que nós, eles é que ainda nos estendem a mão se nós precisarmos... É triste! Quantos casais, netos, filhos têm a ajudinha dos pais? Pois é... quantos de nós não abandonam o lar, o ninho dos paizinhos? Ao contrário do antigamente, já não é um bom emprego nem um bom casamento que nos dão estabilidade e segurança! Hoje em dia, é ter uns pais com bom coração e muita saúde... É que se eles nos faltam, lá ficamos sem chão, sem tecto, sem paredes... mas nós esperneamos e queremos viver sem eles, é o orgulho do bom filho, mas lá no fundo sabemos que temos é as costas quentes! Coitados de nós, eternamente dependentes.
Cada vez será mais difícil a liberdade, o voo... Somos uns enclausurados pela sociedade, pelas políticas, pela forma como permitimos e ajudamos a que decidam a nossa vida por nós! É uma evolução rastilho de dinamite, damos conta e já temos a bomba na mão. Passou o tempo em que vimos o rastilho a queimar, a aproximar... e agora estamos no tempo em a bomba está prestes a rebentar!
E depois não querem que andemos deprimidos... Se recebêssemos o mesmo que os meninos do parlamento, talvez nos ríssemos como eles fazem nas nossas barbas...
E alguns de nós ainda se levantam com um sorriso na cara, porque têm trabalho, porque gostam do que fazem, porque ao fim do mês tem o dinheiro que dá à conta para pagar as despesas, porque não precisam de pedir dinheiro emprestado, porque ainda sobra um bocadinho para ir beber um copo com os amigos... São uns felizardos caramba!!
Ainda me lembro de uma frase que a minha avó costumava dizer com um sorriso, com esperança no olhar; “quando tiveres dinheirinho para te governares...”. Eu acho que nós vamos dizer aos nossos netos “lá vai o teu dinheirinho para o governo...”
Cada vez nos temos que contentar com menos. A vida não nos deixa ser ambiciosos, ambição hoje em dia é não ficar desempregado... É tão triste isto, mas é verdade, e depois damo-nos conta de estarmos a ser explorados, enganados, tudo para ficar num emprego que é o nosso ganha pão... (pão só com manteiga!).
Dignidade é fazermos as nossas sandes de manteiga! Para mim mais vale a minha sandes que uma tosta de caviar, ou uma salada de trufas na Cimeira da Luta contra a Fome! Fiquei indignada, foi o auge do gozo aos desfavorecidos. Eu nem me sinto atingida porque não passo fome, mas coitados dos famintos, a sorte é que nem devem ter televisão para assistirem a estas notícias... Graças a Deus! (ainda bem que não tem televisão, há males que vêm por bem!)
Bem, é óbvio que preferia poder comer uma tosta com caviar, mas numa outra ocasião, talvez numa festa com grandes amigos, rodeada de marisco, numa casa com vista para o mar, com empregados a servirem, muito champanhe, com tudo e mais alguma coisa...

Cá fico na minha, sandes de manteiga tenho muitas para partilhar... As de caviar, vou tratar disso, depois convido-vos a irem lá a casa jantar, tragam um amigo porque há sempre comida para mais um!

Viva o Robin dos Bosques! Vai roubar outro, ò palhaço!

sexta-feira, julho 18, 2008

Sinto na carne e na alma a saudade.
Na alma, sinto como um pedaço que me falta, o incompleto, sinto-me desintegrar. Existe na alma um vazio que aumenta, porque nada posso partilhar contigo, não partilho um olhar, um sorriso, uma lágrima, um beijo, nem sequer um abraço.
Na carne, sinto o toque persistente da ausência, que vai crescendo sem o toque das tuas mãos, sem o toque dos teu lábios, sem o som das tuas palavras.
É a visualização perfeita do imperfeito, esta existência sem o contacto da tua pele.
O corpo transpira uma vontade de enroscar, de entrelaçar as pernas, de apertar-te contra o peito, só possível contigo.
Se queres saber, é assim que vivo os meus dias, sentindo a tua falta, vazia de nós, ansiando o teu regresso, e ao mesmo tempo angustiada por saber que vais chegar para depois partires...

segunda-feira, julho 07, 2008

Presença

Apareceste tão casualmentena minha vida...
Como uma nota musical
Solta no vento das canções.
Num olhar, num silêncio ansioso
Nasceste assim na minha vida.
Inesperado perfume de flor silvestre,
Tão casual, agradável e breve…
Já te conhecia dos meus sonhos,
Imagem de segredo, guardada, fechada
Minha ilusão, meu desejo.
Pressentia o teu perfume na sombra,
O teu respirar no escuro.
Tu existias em mim…
O teu olhar
Onde cintila uma gota pura de verdade,
Aconchego de alma perdida,
Esconderijo de coração partido.
Esse olhar guardei-o no meu peito.
Era invisível, flutuante, distante,
Impossível de encontrar.
Onde passei procurei os teus olhos.
Apareceste em mim,
De dentro para fora.
Não te encontrei ao passar,
Descobri-te dentro do peito.
Nesse momento não foste breve, não és,
Ficaste, como uma nota forte que entoa
Uma vibração de corda de viola
Que fica gravada na alma
No meu peito
Estás longamente, além de compassos e acordes,
além da música, da vibração.
Além dos cheiros, das paisagens eternas.
Ressoas cá dentro a cada minuto,
A cada segundo.
Ficas e permaneces dentro de mim.
AS