sexta-feira, outubro 17, 2008

MORREMOS

Era assim tão importante para ti que me deixaste morrer nos teus braços? Era assim tão importante para ti que não me salvaste? Porque não me salvaste maldito incapaz??! Ficaste a olhar os meus olhos perdidos nos teus, ficaste deslumbrado com a tua dor e deixaste-me! Quantas vezes me disseste nos olhos fechados que me amavas?! Eu sei que o dizias e choravas... quantas vezes debruçado sobre a minha cama choraste?! Eu ouvia-te, ali ao meu lado, triste miserável! Como me amavas...
Bem sei que não podias fazer nada, mas porque não inventaste? Não fingiste que tudo seria possível, não fingiste que o meu fim simplesmente, não seria fim? Porque choraste tanto, meu amor? Bem sabes que não me perdeste, foi a vida que te separou de mim, foi por teres ficado vivo, que eu fiquei sozinha!
Nesta agonia de nos termos perdido, só há uma coisa por que não te culpo, é o teres feito o
muito com tão pouco! Irremediavelmente eu teria um fim, inevitavelmente eu não podia ficar ao teu lado. A vida não me queria, o respirar não me sustentava. Não podias ter feito nada! Eu sei... Porque se pudesses fazer, eu sei que farias! Pegavas em nós e levavas-nos para lá da vida, para lá da morte, para lá do mundo em que vivíamos. E levaste! Bem sei que me vens buscar, e me carregas no teu pensamento, bem sei como sofres por não me teres, bem sei que choras amargas lágrimas por te ter abandonado. Mas eu também não tenho culpa meu querido, eu não te abandonei! Eu deixei a vida, sem querer, sem culpa! Amor, desculpa. Mas eu tomo conta de ti, carrego-te no meu peito. Abraço-te tanto, encho-te de mimos sem me veres...
Como nos amamos, sem saber! Só percebeste isso agora, não foi? Como era intenso, verdadeiro, intrínseco... Eu também só percebi isso agora que estamos separados. Preciso de ti e não te posso abraçar, preciso de ti mas só te posso imaginar! Revolta-me não te ter, embora sabendo que és meu! A vida separou-nos porque morri. É por isso que não há culpados... nada podíamos fazer, nada!!
Mas daqui, vejo outros como nós, que vivos se deixam morrer. Se perdem uns dos outros por querer. Com escolha, com vida, perdem-se porque sim. Isso deve custar mais ainda. Seria insuportável viver sem ti, sabendo-me viva. Por isso não te culpo, por isso deixo-me estar, para viver assim, ainda bem que morri... E tu como viverias sem mim, sabendo-me viva?
Fizemos todos os possíveis para ficarmos juntos, não foi amor? Eu sei que sim... Foi ao teu lado que realmente vivi...vivemos!

Um beijo meu amor, onde quer que estejas, ainda que habites em mim, sinto-te por aí perdido.
AS

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