segunda-feira, abril 28, 2008

O Outono na nossa vida


Por vezes queremos ficar presos a alguma coisa e não conseguimos. A um emprego, a uma amizade, a um amor… Presos a uma certeza. Claro que não existem certezas definitivas, eu acho! Talvez a única seja de que somos mães dos nossos próprios filhos, mas essa ainda não tive oportunidade de ter. Talvez um dia…
Ficar preso não depende só de nós, a vida pode sacudir-nos, soltar-nos de um conforto onde estamos habituados a viver… e isso assusta-nos.
Imaginemos que somos uma folha de uma árvore viçosa. Fazemos parte dessa árvore! Nascemos, desenvolvemo-nos ali, temos sempre a mesma vista mas podemos sempre fazer uma rotação de 360º e ver coisas novas… estamos ali, e estamos seguros! Presos! Mas eis que um dia inesperado chega o Outono!
Estamos tão bem ali, que nem nos apercebemos que vai haver uma mudança de estação! Não será assim a nossa vida? Hoje Primavera, amanhã Inverno, depois Outono, talvez uns dias de Verão…
Talvez de todas as estações, a que mais me assusta é o Outono. Considero que é a estação que menos depende de nós, que mais foge ao nosso controle… Voltemos à folha e à árvore… Que culpa tem a folha que a árvore tenha que fazer uma mudança porque está na sua estação? Mesmo que queira ficar presa ali não tem hipótese, não há volta a dar, vai ter que cair!
Esta imagem surgiu-me no seguimento de um pensamento: “se estou bem vou-me deixar estar, mas sei que não vou estar sempre assim… um dia vou cair como uma folha caduca”
Não é que seja pessimista, não! Mas gosto de me preparar! Não quero dar por mim em queda livre a ser levada pelo vento, sabe-se lá para onde!
Bem, esta imagem é um pouco complexa, e ao mesmo tempo limitada… se pensarmos bem, não voltaríamos a nascer numa outra árvore… mas então neste caso acredito na reencarnação. Depois nascíamos numa outra árvore! Caso resolvido!
Ainda podemos extrapolar um bocadinho… e se aplicarmos isto ao amor?! Claro que a árvore seria o nosso amor do momento, queremos ficar presos, mas um dia o Outono vai chegar e a árvore vai soltar-nos e nós vamos cair! Pois é! Ou pode ser o simples facto daqueles namoros em que o outro até gosta, mas não nos prende, não nos agarra e vem um ventinho e lá vamos nós… para outro lado! Depois é tarde! Nem sei muito bem quando cairei desta árvore que me faz feliz, talvez um dia quando menos esperar, talvez hoje...


Vá, para os mais pessimistas, deixo aqui um sinal de esperança… não se esqueçam que há árvores de folha perene!

De qualquer forma acho que devemos passar por todas as estações… só assim cresceremos. Um dia seremos a árvore e temos que saber lidar com todas as estações!

Amigo, agora vivo entre a Primavera e o Verão e partilho as flores e o calor contigo. Se o Outono chegar quero que sejas o vento, se chegar o Inverno que sejas a chuva… só assim estaremos sempre juntos!

quarta-feira, abril 16, 2008

No silêncio das palavras!

Ninguém pensa como eu. Cada um tem a sua forma original de pensar, de raciocinar. Somos todos diferentes, eventualmente encontramos pessoas que pensam como nós, mas é raro. Certas vezes essas pessoas concordam só por concordar, o que me irrita!
Mas existem pessoas especiais que nos entendem. Fazemos delas o nosso melhor amigo, o nosso ideal de companheiro… são pessoas que nos custam a deixar partir da nossa vida. E na realidade nunca partem. É dessas que temos saudades.
É uma sensação de alegria sentir que alguém nos entende apenas por um olhar! Isso enche-me de sorrisos por dentro! Ganha-se cumplicidade, é um entendimento no silêncio. Quando nos acontece até podemos pensar que é amor, pode não ser! Pode ser um cruzamento de almas gémeas, não obrigatoriamente amor! Só se o coração se acelerar muito, se as mãos transpirarem, se o desejo de estar juntos for grande, se a saudade nos atormentar, se o sorriso nos possuir, se a alegria nos acordar… se, se, se… (pretérito imperfeito!! Vai lá saber-se porque tem este nome os “ses” da nossa vida)
Bem, não estou aqui para falar de amor, também não percebo nada disso.
O que quero transmitir aqui é a importância do silêncio!
Só por si, o silêncio é uma coisa assustadora. Por isso temos sempre tendência a ligar o rádio, ou a televisão… Mas experimentem a fazer o que eu fiz ontem. Desliguem tudo, sentem-se confortáveis no sófa e façam silêncio interior. O silêncio obriga-nos a falar connosco, a avaliar a nossa vida, a fazer um julgamento das nossas atitudes… bem sei que isso pode ser doloroso, mas às vezes é preciso para voltarmos a encontrar o nosso caminho. Bem, confesso que só consegui fazer silêncio durante 8 minutos… é tortuoso! Mas é uma questão de treino. Senti que me fez bem e vou tentar fazer este exercício mais vezes, é saudável! Experimentem!
Bem estava a falar de pessoas que nos entendem no silêncio, e da importância que têm na nossa vida!
Sei que em conversa contigo vais beber cada palavra, perceber cada sentimento, sentir cada sorriso. Vais sentir-me e isso é perfeito. Falar no silêncio das palavras!
Sentes-me quando estou triste, não preciso de te dizer nada. Sentes-me quando estou feliz, não preciso de dizer nada. Sentes quando digo “amo-te”, sem te dizer nada. O silêncio em nós é confortável! Não haverá discussões. Não que queira estar sempre de acordo contigo, não! Seria um tédio, sobre o que iríamos falar, debater? Não é isso que quero! Quero que se troquem ideias, opiniões, que cresçamos juntos… aprender um com o outro! Quero que saibas tanto como eu, quero mostrar-te o meu ponto de vista... Basicamente quero que me entendas, que me compreendas. Quero que te ponhas no meu lugar, como eu me ponho no teu para te entender. E entendo! Já é parte de entrega, porque ao saber como pensas percebo as tuas atitudes, consigo pôr-me no teu lugar com mais facilidade, consigo aceitar-te! E perdoar-te!! Claro que tudo isto é uma questão de disponibilidade e de vontade, temos que nos saber colocar no lugar do outro!

No silêncio das palavras, no diálogo do olhar, sem querer, já disseste tudo. Sem querer já te entregaste, já denunciaste o que vai no teu coração! É simplesmente esta a vantagem da cumplicidade. É tão rara, que quando se encontra já não se quer perder!
Por isso é que há as grandes amizades e os grandes amores! Sei quando precisas de mim, sinto quando vens ao meu encontro.


Em relação a esta pessoa de quem falo, espero encontrá-la um dia. Espero estar atenta ao seu olhar, porque sei que é aí que nos vamos encontrar, é no olhar que vamos dar o primeiro beijo...

Num silêncio calado,
Gritei por ti!
E tu ouviste!

Bem, passei por aqui hoje só para dizer isto.

Beijo para todos os que me lêem, com certeza que são pessoas que me entendem!

Desejo que o silêncio dentro de cada um seja confortável. E quando se levantarem para ligar o rádio, que tenham um sorriso! Se isso não acontecer é porque precisam de voltar a fazer silêncio para se encontrarem… Apaixonem-se por vocês!

sexta-feira, abril 11, 2008

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Ora que me dei conta que às vezes faço o contrário daquilo que quero! Mas é porque tem que ser! E tem que ser porquê? Bem, a isso já não sei responder, só sei que me dou conta que não fiz o que me apetecia, fiz precisamente o contrário. Estupidez momentânea! Miopia de vontade!
Certamente já vos aconteceu.
Apetece-nos estar com as pessoas, mas depois não vamos ter com elas. Apetece-nos café e acabamos por beber leite. Apetece-nos ver um filme e acabamos por ir dormir. Apetece-nos dizer “amo-te” e dizemos “gosto de ti como um amigo”, apetece-nos dizer “vai à merda” e dizemos “sim, tens razão”…Apetece-nos chorar e rimos para disfarçar … Mas que cena é esta?!
Algumas coisas, por certo, é por preguiça que não as fazemos, outras é porque somos uns parolos! Deixamos que os outros nos julguem, ficamos com medo das reacções alheias, por vezes até é o nosso consciente, a nossa mente, as convicções, que nos impedem de fazer o que desejamos. Andamos constantemente a ver onde temos os travões, caso seja necessário travar um impulso, uma vontade… às vezes gostava de ser triciclo!! Sem travões, sem mãos, sem dentes!! Quais travões, deixa andar! Quando bater, pára! Ah, estou a brincar, isso já seria inconsciência, mas a viagem daria uma adrenalina do caraças. E até pode ser que o embate não faça muitos estragos, vale sempre a pena fazer a viagem, eu faço, às vezes os estragos são grandes!! Outras a adrenalina valeu a pena… o problema é que até parar não se sabe o que vai acontecer…
Eu tento sempre fazer o que quero, talvez apareça um obstáculo ou outro que me privam de o fazer, mas até a sensação de risco, me dão pica para avançar. Depois aparecem indiscretamente pessoas que nos roubam o prazer com que fazemos as coisas, e como tal deixamos de as fazer. Essas pessoas, são provavelmente aquelas de quem mais gostamos! Porquê? Também não sei responder! Provavelmente porque a opinião deles é importante para nós… normalmente são os nossos pais, ou os melhores amigos os empecilhos! Bem, não deixem é que seja uma Dona Rosinha, ou um Sr. Jacinto do café da esquina a privar-vos de arriscar! Esses que se lixem! Que têm a ver com a nossa vida, de que vale a sua opinião?

Lá estou eu a divagar novamente…
Só queria dizer que nem sempre a nossa atitude vai de encontro à nossa vontade. Mas tem que ser. Não me perguntem porquê, porque não se consegue explicar, só sentir…
Aqui vai o pedido de desculpa para todos aqueles que não entendem as minhas atitudes. Aqui vai um pedido de compreensão da vossa parte! Metam a mão na consciência e pensem o que leva uma pessoa a deixar de fazer o que quer!
A quem me conhece, estranha, a quem não me conhece e só agora me começa a ler fica possivelmente intrigado!
Eu desisto quando não tenho forças, quando não aguento mais, quando as injustiças são demais, quando me roubam a boa disposição, quando naquele espaço já não posso ser eu! Eu abandono quando digo “amo-te, quero estar contigo” e a resposta é… “eu também gosto de ti”…
Correr atrás de um amor assim, não só nos desgasta como nos entristece! Não vale a pena, aborrece! Rouba-nos o sorriso, e isso não permitirei nunca à minha pessoa!
Vocês conhecem-me a sorrir! Adoro sorrir de verdade! É uma entrega, é a minha honestidade, é isso que vos quero dar, é isso que já não consigo!

E para quem pensava que eu ia regressar, desenganem-se porque para esta luta já não tenho armas. Já despi todas as armaduras que me permitiram permanecer. Estou de volta ao meu lugar onde tudo o que vivi junto a vocês serão recordações, sorrisos, saudades de querer voltar, mas sem poder…
Não me voltem a perguntar pelo meu sorriso quando estou com vocês! Foi perdido numa viagem sem travões... mas que valeu pela adrenalina!
Devemos estar onde sentimos que somos importantes.
Devemos estar presentes com um sorriso,
Devemos entregar o melhor de nós aqueles que amamos,
Devemos ser felizes...
Para viver um momento sem poder sorrir, mais vale não viver esse momento!

Vai Tu!

Um abraço especial para ti, e para ti!


Trago-vos sempre no coração!


quarta-feira, abril 09, 2008

Saudades

Hoje sinto-me triste. Sinto saudades tuas. Eu até tenho gostado de sentir estas saudades, porque me fazem sorrir, me fazem sentir feliz. Gosto de te recordar! Mas isso já não me chega…. Sei que mais tarde ou mais cedo iremos construir novas memórias para nos lembrarmos, mas hoje fiquei sem essa certeza. Será do tempo? Esta chuva parece que nos lava de esperanças…
Enquanto o tempo passa e vivemos na ausência um do outro, perde-se tempo para tudo, ganha-se tempo em nada…
A distância afasta-nos e nós deixamos.
Por vezes sinto-me só… Ao mesmo tempo apetece-me estar com todos, e com ninguém…
Oh, apetece-me é estar com alguém especial. Contigo! Como não podes estar, tento substitui-te por mil rostos… por aquele, pelo outro, por este…
Não podemos substituir ninguém. Se é com aquele que nos apetece estar, ninguém vai conseguir preencher esse vazio. Ando à procura de uma companhia para não estar só, mas depois sinto-me sozinha na mesma. Vazia!
É como se nos apetecesse comer uma bola de berlim e acabamos por comer uma sandes de manteiga porque não há bolas! Estão a ver?
Paciência… Come-se o pão com manteiga e já é muito bom! Ao menos não ficamos com fome… ;)

Que bom seria se todos os outros preenchessem o espaço que é só de um. Seríamos muito mais completos. Não existiria a palavra saudade!
Hoje é o que me apetecia, que qualquer um preenchesse o teu espaço! Não sentir saudades… E amanhã o que sentiria por ti? Não sei…
A saudade é uma herança do passado, do passado! E nós que temos senão um passado? Senão um sonho sem chão, sem tecto? É a esperança que nos sustenta, que nos alimenta? A esperança de quê? De um dia nos voltarmos a encontrar e arranjar novas lembranças para podermos sentir… saudades! Ora bolas!
Hoje sinto que ter saudades é uma coisa má! Não queria sentir nada disto, queria ter-te aqui. Queria poder beijar-te, tocar-te, amar-te… Queria tudo, menos sentir esta angústia de não te poder ter.
Enquanto isso não acontece, recordo-te sempre com um sorriso, porque sei que um dia nos voltaremos a encontrar. E nesse dia vamos matar saudades antigas e arranjar novas! É por isso que te quero encontrar…
Se estivéssemos juntos diria que te amo, assim com esta distância impertinente digo-te que sinto saudades de te amar.

"As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir"
("Chuva" - Mariza, vale a pena ouvir!)

Beijo meu amor, onde quer que estejas! ;)

Sentir saudades é sinal de que se viveu algo inesquecível no passado…
É sinal de que alguém não passou apenas pela nossa vida, mas que permanece...
E que nos faz muita falta!

quarta-feira, abril 02, 2008

A Autenticidade!

No outro dia fui a uma reunião. Estava sentada na sala de espera e reparei num vaso enorme que estava em cima do balcão da recepção. Um vaso transparente, com um arranjo de flores lindíssimo.
Estava eu a olhar, simplesmente só por olhar e reparei, passado algum tempo, num pormenor de máxima importância. A minha alma ficou parva! Ora reparem, se cabe na cabeça de alguém?!
O vaso estava cheio de água, como é natural quando se trata de um vaso de flores! Mas as flores eram de plástico! Fiquei incrédula. Possivelmente era eu que estava a ver mal, mas eu nunca tinha visto flores assim, e de facto eram mesmo artificiais! Depois pensei, o vaso não tem nada água, sou eu que estou a ver coisas!
Levantei-me e dirigi-me à senhora da recepção para dizer alguma coisa pertinente, só para me aproximar mais um pouco daquela aberração em que se tornara aquele vaso!
Palermice minha. Aquilo não era uma aberração, eu também estava a ser parva! O que mais há para aí são flores de plástico num vaso com água!
Nem sei muito bem porque fiquei chocada com aquilo. Mas que me deixou a pensar, deixou. Talvez pelo absurdo, mas ao mesmo tempo era tornar uma coisa artificial numa coisa natural… Possivelmente as pessoas nem reparavam que as flores eram artificiais! O objectivo era esse! Estrategicamente, o olhar era desviado para a água, logo as flores seriam naturais, e que bonitas! Tão viçosas! Ah, que raiva!
Já nem era o vaso, já nem eram as flores! Já era a hipocrisia da situação a falta de autenticidade que nos enfiam pelos olhos!
Quantas pessoas se cruzam connosco no dia a dia que não passam de vasos cheios de água, onde estão deliciosamente mergulhadas umas flores lindíssimas, mas de plástico! Que encanto! E que falsidade!
O meu pensamento, voou, voou… e dei-me conta que aquela situação me remeteu para o ser humano. Somos todos tão parecidos com esta imagem.
Ora vamos lá analisar: qual a necessidade de disfarçar? Porque não mostramos o que somos? Se somos simples flores de plásticos, sejamos! Se somos simples vasos com água, sejamos! Temos que ser autênticos! Temos que ser verdadeiros! Para quê enganar os outros, para quê despistar os outros da nossa verdadeira natureza! Mais tarde ou mais cedo alguém se vai aperceber e acabamos por decepcionar alguém. Ou pior, podemos um dia acreditar que somos flores verdadeiras! Disparate!
Mas isso faz algum sentido?
Há pessoas que são assim mesmo, enganam-nos sorrateiramente, inteligentemente. E nós caímos! Detesto ser enganada! Fico passada da cabeça, mas por vezes as coisas são feitas de forma tão natural, que parecem bem feitas. A nossa mente também já está predisposta a acreditar em tudo, não nos damos ao trabalho de perceber onde está o erro. Nem pensamos nisso!
E foi assim com este vaso. Estava tão natural, tão banal, é tão usual! Portanto, ia lá eu pensar se eram de plástico, se eram verdadeiras, se tinham água, se… ninguém repara! É só para fazer bonito! E fica bem, é um facto… mas depois de nos apercebermos, aquilo parece a coisa mais estúpida de se ver! Aliás, foi certamente a coisa mais estúpida que vi nos últimos tempos, percebo a intenção, mas também essa é estúpida! Irritou-me também a ingenuidade da situação, que simplicidade e que atrocidade!
Não me vou alargar mais, era só para deixar aqui a minha indignação com situações de falsidade que nos parecem verdadeiras. Que nos iludem, que nos enganam. E alertar para o facto de termos que estar mais atentos. A falta de autenticidade revela-se em coisas simples como esta.
Imagino que se deve perder tempo ao tentar ser o que não somos. Compreendo que o façamos pontualmente junto a pessoas que não são importantes para nós.
Quantos terão passado naquela recepção sem terem reparado no que eu reparei. Quantos terão reparado e achado interessante a forma de tornar uma coisa artificial em natural… Cada um com a sua! Mas eu gosto de pessoas autênticas.
Se fores uma flor de plástico, gosto de ti, se fores um simples vaso com água, gosto de ti, se fores uma flor de plástico mergulhada num vaso com pedras, gosto de ti, se fores uma flor natural, gosto de ti, se não souberes o que és, gosto de ti, se fores uma flor artificial dentro de um vaso com água… não te quero conhecer para não me desiludir!
Parte da nossa felicidade, está na nossa autenticidade! Não enganar os outros para não vivermos enganados.

A autenticidade faz de nós seres verdadeiros, é aí que nos devemos encontrar, na verdade!

terça-feira, abril 01, 2008

Vida aos retalhos...

Dei-me conta neste momento, que me perguntei: “estou feliz? é isto estar feliz?” a resposta imediata foi “sim”.
Ora bem, reparem, a resposta imediata! Aquela que não se pensa muito, aquela que se sente naquele momento, naquela situação…
Quantos de nós fazem esta pergunta e respondem, “não, não estou feliz”. Quantas vezes me aconteceu! Ainda há aqueles que nem sequer fazem esta pergunta, possivelmente com o medo da resposta. Penso que esta última também já me aconteceu, digo isto porque já não me lembrava de colocar esta questão à minha pessoa. E porque há muito que não me sentia feliz, mas também não queria chegar à conclusão que era infeliz… mais valia não pensar no assunto!
Passemos à frente. Ora, fiz a pergunta, o que só por si é estranho. E respondi de imediato, sem hesitar o que é ainda mais estranho. E respondi que sim! Isso sim, foi a loucura… Até se me deu um arrepio na espinha! Eu, feliz, ah! “Não pode ser, o que se passa comigo?”.
Claro que comecei logo a fazer uma avaliação da minha vida… Porque razão? Não sei, talvez para arranjar uma desculpa para me sentir feliz. Parece que tenho medo de o ser, de estar feliz, parece que não mereço este estado… Sinto medo! Então talvez tenha tentado retirar a importância a esta felicidade. Como quem diz, “ok, sinto-me feliz mas é só este bocadinho”.
Depois de muito tempo a pensar na minha vida, nos meus caminhos, nas minhas etapas, dei-me conta que esta minha vida parece que é feita de retalhos. Um bocadinho dali, um pouco daqui, mais aquele momento ali… Ora bolas! Olhem que descoberta! A minha vida não é uma continuidade no tempo, são várias paragens, são colagens de momentos. Tanto é assim que enquanto ia pensando na vida me dei conta que isto não passa de um carrossel de altos e baixos… fui feliz, fui infeliz, fui uma desgraçada, tive sorte… uma infinidade de momentos bons e maus!
São momentos parados no tempo. Vamos ao passado e tiramos um bocadinho, vamos ao presente e tiramos outro bocadinho, perspectivamos o futuro e tiramos outro pedaço… juntamos tudo e dizemos: “sou feliz” é assim que se avalia o estado de felicidade? Quantas viagens fazemos no tempo para responder a esta pergunta? Quantas respostas diferentes teremos? E será a resposta certa? Sei lá… Afinal o que é a felicidade? Alguém que saiba a resposta diga…
O que interessa é que há momentos em que nos sentimos felizes, é nesses que temos que parar. Usufruir!
Acho que à felicidade não se aplica o verbo ser. Talvez a aplicação do verbo sentir, ou estar.
Sou feliz (hoje. E ontem, e amanhã?). O verbo ser é contínuo! Ser, é existir! É diferente de estar, de sentir… ser é para sempre… isso não acontece com a felicidade!
Ora, e por um momento em que somos felizes, logo existimos, temos receio de deixar de existir, ao deixar de nos sentirmos felizes… Confuso, eu sei!
Temos medo de ser felizes! Eu falo assim porque este é um medo meu. Mas penso que não será só meu…

Acho mesmo que é o facto de ter uma vida retalhada que não nos permite dizer que somos felizes.
Instala-se o receio de que este momento de felicidade venha a ser mais um retalho da nossa vida, que um dia vamos pegar nele e colar a qualquer outra coisa e dizer… “naquele momento eu fui feliz”. É destes retalhos que precisamos na nossa vida… retalhos de luz, de risos, de alegria… de felicidade. Para quê ser ambicioso e querer a felicidade só se for para sempre?! Nunca seremos felizes assim, nem por inteiro, nem ao retalho!
Portanto, para quê pensar se estou, se não estou feliz. Para quê ter medo de estar feliz?
Não pensemos.
Sentir é que é bom! Quando deixarmos de sentir paciência… logo se vê! Aproveita enquanto a tens!
Não me fiquem é com a felicidade na mãos, a olhar para ela e pensar, que não merecem, ou o que é que faço com ela…
A felicidade é para usar! É para vestir e sair à rua… nem que seja só para dar um breve passeio.

Encontram-nos por aí!