quinta-feira, outubro 09, 2008

Na Rádio... Deu que pensar, só isso!

Hoje, como todas as manhãs quando vou para o trabalho, vim a ouvir rádio no carro. É agradável vir a ouvir a conversa alheia, sorrir dos disparates que dizem, intervalar com uma música, ficar a pensar no que disseram, ouvir notícias, ficar a par das novidades do mundo, aquelas que não interessam a ninguém, pois não passam de cusquices que vão directamente para a Recycle Bin do nosso cérebro, não deixando no entanto de ser informação! (Vejam bem o que dá para viver durante o transito matinal da IC19!! ;)
Hoje foi daqueles dias em que fiquei a matutar numa situação que se passou, tão banal, tão banal que nem é normal uma pessoa ficar a pensar nisto! As pessoas normais não pensariam nisto, mas eu não sou normal... Então foi o seguinte:
Estava a decorrer um género de um concurso, em que a concorrente em linha precisava adivinhar o nome de um filme e não sabia. Acontece a todos. O pior que lhe podia acontecer era não receber o prémio, que me pareceu ser um CD de música. Eis que a moça não sabia o nome do filme, nem com dicas, nem sem dicas... Paciência! A rapariga tinha ainda a oportunidade de pedir ajuda de um outro ouvinte, a qual solicitou. A outra ouvinte entrou em linha disposta a ajudar e sabia obviamente a resposta certa. Depois da resposta certa da segunda ouvinte, é que surgiu a questão que me deixou a pensar: “e a Andreia quer ficar com o prémio para si, ou vai dar à Carla?”, ou seja, a rapariga que foi ajudar queria ficar com o prémio, ou simplesmente ligou para participar e ajudar uma outra ouvinte? Para já, eu pensei que esta ajuda seria voluntariosa, seria para ajudar a outra a ganhar o prémio, pelo que fiquei surpresa com a pergunta e expectante com a resposta... A resposta foi simplesmente: “quero ficar com o prémio” e riu-se! E eu pensei “grande porca!”. Poderão vocês pensar (como eu pensei depois) “grande porca porquê? “Está no seu direito!”. Exactamente! Ela é que sabia a resposta, tinha direito ao prémio, para quê dar à outra?! Isso seria estupidez, certo? E se eu estivesse no lugar dela o que faria? Ficava com o prémio porque sou esperta, ou dava à outra porque sou boazinha e parva? Possivelmente dava à outra (não estou a assumir publicamente a minha parvoíce!) só para evitar que os ouvintes pensassem que era eu uma “grande porca”! Gosto de ser boazinha, mas na realidade o que sentiria não seria que tinha sido muito parva?
Assiste-nos o direito de criticar quem na sua integridade e autenticidade faz e diz aquilo que quer, não faltando ao respeito aos outros? Não me parece que tenhamos esse direito, embora o faça como o assumo aqui. E isto deixou-me a pensar, porque na tentativa de sermos melhores para agradar aos outros, acabamos por nos prejudicar a nós, ficamos com menos. Menos tempo, menos paciência, menos dinheiro, menos mérito, menos tanta coisa... ficamos talvez com mais pessoas que gostam de nós, ou essa parte de nós que é falsa. Na verdade evitamos é a crítica... vou fazer assim, senão pensam isto ou aquilo...
E esta simples atitude, esta naturalidade em assumir publicamente que se quer o que se quer, deixou-me a pensar que realmente devemos deixar de ser bonzinhos por falsidade, devemos ser autênticos! Se a critica existir, a autenticidade e a verdade irá em nossa defesa. Isto sempre contando que a autenticidade vem acompanhada de integridade! Claro está que o dar, às vezes nos dá prazer... Por vezes até agradecemos que nos apareça um mendigo à frente para podermos dar uma esmola e fazer a boa acção do dia! Um ceguinho que ajudamos a atravessar a estrada, uma velhinha que nos peça ajuda com os sacos das compras, etc, etc... mas isso é dar sem perder!
Dar a um desconhecido, com consciência que se perde algo que se deseja, já vai para além da bondade, é quase falsidade. Foi à conclusão que cheguei...
Parece que a opinião dos outros é importante, pelo menos para mim é. Mas essa opinião será assim tão importante? E os outros quem serão? Serão também assim tão importantes? São tão importantes que lhes permitimos que nos roubem a veracidade dos nossos actos? Talvez...

1 comentário:

Anónimo disse...

o teu texto tambem me fez reflectir... concordo contigo que acima de tudo devemos ser verdadeiros, mas por vezes a nossa verdade é injusta para com os que nos rodeiam, por isso, o que vale a pena é tentarmos sempre melhorar a nossa verdade, o nosso interior, para que nos sentirmos bem conosco e podermos ajudar a construir um mundo melhor
Bjos
Susana