terça-feira, abril 01, 2008

Vida aos retalhos...

Dei-me conta neste momento, que me perguntei: “estou feliz? é isto estar feliz?” a resposta imediata foi “sim”.
Ora bem, reparem, a resposta imediata! Aquela que não se pensa muito, aquela que se sente naquele momento, naquela situação…
Quantos de nós fazem esta pergunta e respondem, “não, não estou feliz”. Quantas vezes me aconteceu! Ainda há aqueles que nem sequer fazem esta pergunta, possivelmente com o medo da resposta. Penso que esta última também já me aconteceu, digo isto porque já não me lembrava de colocar esta questão à minha pessoa. E porque há muito que não me sentia feliz, mas também não queria chegar à conclusão que era infeliz… mais valia não pensar no assunto!
Passemos à frente. Ora, fiz a pergunta, o que só por si é estranho. E respondi de imediato, sem hesitar o que é ainda mais estranho. E respondi que sim! Isso sim, foi a loucura… Até se me deu um arrepio na espinha! Eu, feliz, ah! “Não pode ser, o que se passa comigo?”.
Claro que comecei logo a fazer uma avaliação da minha vida… Porque razão? Não sei, talvez para arranjar uma desculpa para me sentir feliz. Parece que tenho medo de o ser, de estar feliz, parece que não mereço este estado… Sinto medo! Então talvez tenha tentado retirar a importância a esta felicidade. Como quem diz, “ok, sinto-me feliz mas é só este bocadinho”.
Depois de muito tempo a pensar na minha vida, nos meus caminhos, nas minhas etapas, dei-me conta que esta minha vida parece que é feita de retalhos. Um bocadinho dali, um pouco daqui, mais aquele momento ali… Ora bolas! Olhem que descoberta! A minha vida não é uma continuidade no tempo, são várias paragens, são colagens de momentos. Tanto é assim que enquanto ia pensando na vida me dei conta que isto não passa de um carrossel de altos e baixos… fui feliz, fui infeliz, fui uma desgraçada, tive sorte… uma infinidade de momentos bons e maus!
São momentos parados no tempo. Vamos ao passado e tiramos um bocadinho, vamos ao presente e tiramos outro bocadinho, perspectivamos o futuro e tiramos outro pedaço… juntamos tudo e dizemos: “sou feliz” é assim que se avalia o estado de felicidade? Quantas viagens fazemos no tempo para responder a esta pergunta? Quantas respostas diferentes teremos? E será a resposta certa? Sei lá… Afinal o que é a felicidade? Alguém que saiba a resposta diga…
O que interessa é que há momentos em que nos sentimos felizes, é nesses que temos que parar. Usufruir!
Acho que à felicidade não se aplica o verbo ser. Talvez a aplicação do verbo sentir, ou estar.
Sou feliz (hoje. E ontem, e amanhã?). O verbo ser é contínuo! Ser, é existir! É diferente de estar, de sentir… ser é para sempre… isso não acontece com a felicidade!
Ora, e por um momento em que somos felizes, logo existimos, temos receio de deixar de existir, ao deixar de nos sentirmos felizes… Confuso, eu sei!
Temos medo de ser felizes! Eu falo assim porque este é um medo meu. Mas penso que não será só meu…

Acho mesmo que é o facto de ter uma vida retalhada que não nos permite dizer que somos felizes.
Instala-se o receio de que este momento de felicidade venha a ser mais um retalho da nossa vida, que um dia vamos pegar nele e colar a qualquer outra coisa e dizer… “naquele momento eu fui feliz”. É destes retalhos que precisamos na nossa vida… retalhos de luz, de risos, de alegria… de felicidade. Para quê ser ambicioso e querer a felicidade só se for para sempre?! Nunca seremos felizes assim, nem por inteiro, nem ao retalho!
Portanto, para quê pensar se estou, se não estou feliz. Para quê ter medo de estar feliz?
Não pensemos.
Sentir é que é bom! Quando deixarmos de sentir paciência… logo se vê! Aproveita enquanto a tens!
Não me fiquem é com a felicidade na mãos, a olhar para ela e pensar, que não merecem, ou o que é que faço com ela…
A felicidade é para usar! É para vestir e sair à rua… nem que seja só para dar um breve passeio.

Encontram-nos por aí!

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