quarta-feira, abril 02, 2008

A Autenticidade!

No outro dia fui a uma reunião. Estava sentada na sala de espera e reparei num vaso enorme que estava em cima do balcão da recepção. Um vaso transparente, com um arranjo de flores lindíssimo.
Estava eu a olhar, simplesmente só por olhar e reparei, passado algum tempo, num pormenor de máxima importância. A minha alma ficou parva! Ora reparem, se cabe na cabeça de alguém?!
O vaso estava cheio de água, como é natural quando se trata de um vaso de flores! Mas as flores eram de plástico! Fiquei incrédula. Possivelmente era eu que estava a ver mal, mas eu nunca tinha visto flores assim, e de facto eram mesmo artificiais! Depois pensei, o vaso não tem nada água, sou eu que estou a ver coisas!
Levantei-me e dirigi-me à senhora da recepção para dizer alguma coisa pertinente, só para me aproximar mais um pouco daquela aberração em que se tornara aquele vaso!
Palermice minha. Aquilo não era uma aberração, eu também estava a ser parva! O que mais há para aí são flores de plástico num vaso com água!
Nem sei muito bem porque fiquei chocada com aquilo. Mas que me deixou a pensar, deixou. Talvez pelo absurdo, mas ao mesmo tempo era tornar uma coisa artificial numa coisa natural… Possivelmente as pessoas nem reparavam que as flores eram artificiais! O objectivo era esse! Estrategicamente, o olhar era desviado para a água, logo as flores seriam naturais, e que bonitas! Tão viçosas! Ah, que raiva!
Já nem era o vaso, já nem eram as flores! Já era a hipocrisia da situação a falta de autenticidade que nos enfiam pelos olhos!
Quantas pessoas se cruzam connosco no dia a dia que não passam de vasos cheios de água, onde estão deliciosamente mergulhadas umas flores lindíssimas, mas de plástico! Que encanto! E que falsidade!
O meu pensamento, voou, voou… e dei-me conta que aquela situação me remeteu para o ser humano. Somos todos tão parecidos com esta imagem.
Ora vamos lá analisar: qual a necessidade de disfarçar? Porque não mostramos o que somos? Se somos simples flores de plásticos, sejamos! Se somos simples vasos com água, sejamos! Temos que ser autênticos! Temos que ser verdadeiros! Para quê enganar os outros, para quê despistar os outros da nossa verdadeira natureza! Mais tarde ou mais cedo alguém se vai aperceber e acabamos por decepcionar alguém. Ou pior, podemos um dia acreditar que somos flores verdadeiras! Disparate!
Mas isso faz algum sentido?
Há pessoas que são assim mesmo, enganam-nos sorrateiramente, inteligentemente. E nós caímos! Detesto ser enganada! Fico passada da cabeça, mas por vezes as coisas são feitas de forma tão natural, que parecem bem feitas. A nossa mente também já está predisposta a acreditar em tudo, não nos damos ao trabalho de perceber onde está o erro. Nem pensamos nisso!
E foi assim com este vaso. Estava tão natural, tão banal, é tão usual! Portanto, ia lá eu pensar se eram de plástico, se eram verdadeiras, se tinham água, se… ninguém repara! É só para fazer bonito! E fica bem, é um facto… mas depois de nos apercebermos, aquilo parece a coisa mais estúpida de se ver! Aliás, foi certamente a coisa mais estúpida que vi nos últimos tempos, percebo a intenção, mas também essa é estúpida! Irritou-me também a ingenuidade da situação, que simplicidade e que atrocidade!
Não me vou alargar mais, era só para deixar aqui a minha indignação com situações de falsidade que nos parecem verdadeiras. Que nos iludem, que nos enganam. E alertar para o facto de termos que estar mais atentos. A falta de autenticidade revela-se em coisas simples como esta.
Imagino que se deve perder tempo ao tentar ser o que não somos. Compreendo que o façamos pontualmente junto a pessoas que não são importantes para nós.
Quantos terão passado naquela recepção sem terem reparado no que eu reparei. Quantos terão reparado e achado interessante a forma de tornar uma coisa artificial em natural… Cada um com a sua! Mas eu gosto de pessoas autênticas.
Se fores uma flor de plástico, gosto de ti, se fores um simples vaso com água, gosto de ti, se fores uma flor de plástico mergulhada num vaso com pedras, gosto de ti, se fores uma flor natural, gosto de ti, se não souberes o que és, gosto de ti, se fores uma flor artificial dentro de um vaso com água… não te quero conhecer para não me desiludir!
Parte da nossa felicidade, está na nossa autenticidade! Não enganar os outros para não vivermos enganados.

A autenticidade faz de nós seres verdadeiros, é aí que nos devemos encontrar, na verdade!

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom isto já está tarde, mas ainda bem que aqui passei antes de dormir, também já tinha reparado numa situação idêntica e sempre achei parvo para além de gastar água...(momento eco-design!) se disser que sou um vaso com água..estou a mentir :P mas sou uma flor de plástico num vaso com pedras...estou cá para durar!! :D e espero que este blog também! Parabéns, muito bom!
bj grande, até prai...