quarta-feira, dezembro 10, 2008

PINHEIRO DE NATAL

Neste Natal
Gostava de ter um pinheiro alto,
Ter um escadote que chegasse ao topo.
E ir pendurando, aqui e ali
,
Os enfeites que tenho nesta caixa.
Queria pendurar os meus desejos e os teus,
Os nomes de todos os que passaram por mim,
Aqueles que amei, os que maltratei, e até os que esqueci.
Gostava de pendurar num galho uma bola vermelha
Que simbolizasse o meu coração
,
Uma bola cintilante, transparente e inteira.
Quero que este pinheiro fique enfeitado
Com todos os erros cometidos
,
Com as alegrias e os sorrisos
,
Com as gargalhadas também
,
Quero pendurar as lágrimas
,
Ficariam no fim de cada ramo,
Como uns pendentes, brilhantes e reluzentes.
Seriam a lembrança de que chorei como uma criança
Mas que afinal também cresci.
Gostava que o amor que sinto no peito
Fosse uma fita dourada,
Que desse a volta ao pinheiro, muito bem enroscada.
Uma fita que pareça abraçá-lo eternamente.
Queria ter luzinhas de muitas cores,
Daquelas intermitentes,
Como as amizades que temos, que parecem inconstantes.
Gostava que este pinheiro fosse forte
,
Com a estabilidade dos nossos pais,
Que nos protegesse dos raios de sol e dos grandes temporais.
E nos seus ramos longos e vastos
,
Nascessem grandes folhas verdes, sacudidas pelo vento,
Que trouxessem as lembranças boas e más,
E que nos segredassem um novo alento.
Queria que este pinheiro brilhasse muito,
Que tivesse muita cor,
Que cintilasse de verdade,
Que fosse diferente de todos os outros.

Agora,
Desço do banco que não é escadote,
Olho para o pinheiro que é pequenino,
Olho para a caixa que não tem enfeites.
As luzinhas parecem fundidas,
Vão piscando preguiçosas aqui e ali.
O tronco, coitadinho, tão fininho
!
E a fita dourada, toda estragada
!
Ainda assim,
Ponho os poucos enfeites que tenho.
Agora, vou pendurar as lágrimas,
E a bola vermelha, cá está, ainda inteira
!
Ficou um pouco mais alegre agora
,
Apesar de não ser da melhor maneira.
Ao olhar para este triste pinheiro
Fico imóvel, a apreciar esta realidade.
O pinheiro que sonhei não existe na verdade.
Num último movimento,
Subo ao banco novamente,
Coloco no topo a esperança

Acreditando que para o ano será diferente.
A.S

3 comentários:

Cláudia disse...

Muito bonito...
Uma mistura da criança com o adulto...
O sonho e a realidade.
Não deixes de ser criança...

Beijo terno e abraço do tamanho do mundo!

OC disse...

de todos os que li, foi este que me tocou no mais profundo de mim...amei! pena não seres mais parecida com o que escreves (pelo menos não eras)... porquê o "e" e o "o"? mas não interessa, é lindo!!

OC

Alma disse...

Se é que percebi o que perguntas, o "e" e o "o" porque são as letras com as formas mais redondas - simulação das bolas de Natal. Mudei um pouco sim... Para melhor!! Um dia me dirás. Bj