terça-feira, junho 24, 2008

A Polícia no seu melhor…

Bem sei que não digo nada há muito tempo. Não é que não tenha nada para dizer, mas o tempo não dá para tudo. Inspiração não falta, mas essa só fala de amor e não me apetece transformar este blog numa página cor-de-rosa.
Venho aqui só para partilhar uma situação deveras bizarra, mas como aconteceu com a Autoridade pode ser que sirva para terem conhecimento de que algumas coisas estranhas acontecem. (não sei se será só nosso país, talvez não).
O que se passou foi o seguinte; estacionei o meu carro numa sexta-feira à tarde no Parque das Nações. Ia apanhar o comboio, e passar o fim-de-semana fora, por isso dei voltas e voltas para estacionar o carro num local seguro, onde não se pagasse e não fosse proibido. O que é complicado como devem saber, mas lá consegui!
No regresso, domingo, quando me vou a dirigir para o carro ele não estava lá… Enfim, eu sou despistada, mas tenho a certeza que o deixei aqui…queres ver que não vi algum sinal de proibido e rebocaram-me o carro!! Era o que me faltava a estas horas! (eram 23:30h)… Bem, lá fui eu ao fim da rua confirmar o sinal que lá estava… não, não era proibido, portanto… roubaram-me o carro!!!
Tive que andar à procura de um polícia… Para trás e para a frente com a mochila às costas feita parva!! E quem me conhece bem sabe como eu estaria neste momento… é melhor nem descrever!
Entretanto lá vejo um Sr. Polícia… “Peço desculpa, pode ajudar-me; eu estacionei o meu carro nesta rua na sexta feira à tarde e não está lá! Já confirmei que não há nenhum sinal de proibição, deve ter sido roubado – disse eu”
O Sr. Polícia sorriu e perguntou: “Estacionou aqui, foi?” Pensei de imediato que afinal era proibido e que eu não sabia ler os sinais de trânsito… Ok, assumi que o carro tinha sido rebocado… Com o sorriso do polícia, só pode! Enfim, azar do caraças…
Ele continuou: “Olhe, se estacionou ali, o seu carro agora deve estar numa outra rua, veja nesta, ou…”
Ui, esta conversa não está a acontecer… eu ainda estou no comboio, adormeci, e estou a sonhar…
Sabem aquela sensação de que a situação é tão estranha, que parece que estão a ser filmados para os “Apanhados”?! Discretamente os meus olhos percorreram o perímetro à volta para ver se viam alguma câmara! Népia… Isto era a sério!
Ali estava eu, a ver que ia perder tempo com uma situação que ainda não tinha percebido. Só sabia que tinha a ver com o meu carro, que naquele momento era tudo para mim! Estava a contar com ele para chegar rapidamente a casa… Eu queria a minha cama, estava desejosa de chegar a casa, só tinha sono, estava cansada, com dores de costas… e com uma mochila às costas!
Bem, resumindo e porque não dá para explicar o surreal da situação, o que o polícia me disse foi basicamente isto: “Sabe, é que houve um evento qualquer, e tivemos que retirar os carros que estavam nessa rua, pegamos neles e estacionamos noutras ruas… portanto, procure nesta rua ou na outra por trás do hotel. Se não estiver em nenhuma destas, tente na outra do lado de lá…”. Para que percebam, isto foi dito num tom de voz muito natural, como se me tivesse a dar uma informação banal, usual!
Ora, banal e usual era o que se passava lá em casa de vez em quando, com a minha empregada de limpeza:
- Ò Ermelinda, onde é que está aquela caixinha de madeira que estava em cima da minha cómoda?
– Ó menina, sei lá! Deve estar por aí, veja lá se não está na mesinha de cabeceira, ou no quarto dos pais! Não sei, procure, mas que está dentro de casa isso tenho a certeza!
O Sr. Polícia transformou-se numa Ermelinda… E o que é que eu costumava dizer à Ermelinda nestas situações? Pois, não o podia dizer a um agente da autoridade, mas foi o que me deu vontade!
Ora, santa paciência… a polícia agora anda a trocar os nossos carros de lugar como se fossem bibelots…Perfeito! O pior é que fazem como a Ermelinda, não sabem onde os põem… é por aí… mas estão na rua de certeza!!
Surgiu um rodopio de pensamentos na minha cabeça numa fracção de segundos - Eu devo estar bêbeda, não percebi o que o homem disse! A polícia pode fazer isso? Não, o polícia é que está bêbado e a gozar comigo! Isto é brincadeira de mau gosto! Ok, isto deve ser procedimento normal eu é que não estou a raciocinar bem. Mas pegaram no meu carro e levaram-no por aí, e não sabem por onde? A estas horas da noite vou andar por estas ruas escuras à procura do carro? Eu que tive tanto cuidado a estacionar o carro num sitio próprio! Realmente não vale a pena, mais valia ter sido rebocado ao menos saberia onde estava! Bem, rebocado não porque não tenho dinheiro para apanhar um táxi! Mas a policia não me ligou a perguntar nada, se calhar não precisam, eles são a autoridade, podem tudo! Bem, vou sorrir para o policia perceber que sei que é procedimento normal. Normal o caraças! Estou parva ou quê?! Vou fazer uma reclamação! Mas reclamação da polícia? Bem… vou… sei lá…
Por fim, tive que pôr travão a estes pensamentos, eu estava a ficar furiosa! Claro está, cada ponto de exclamação e cada “caraças” do meu pensamento era um palavrão cilíndrico! Se continuasse a pensar muito, mandava o policia ir buscar o livro de reclamações! E nós podemos reclamar da polícia? Se calhar não têm livro de reclamações…
Olhem, eu queria era dormir!! Amanhã era dia de trabalho…Perder tempo com uma situação destas não valia a pena! Eu tive vontade de chamar a polícia, mas eu estava a falar com um polícia… que estupidez! E neste caso, o que é que a polícia ia dizer à policia? Pois é… um bocado bizarro! Eu só me lembro do meu ultimo momento com o polícia: “está a gozar?!” ao que ele não respondeu, só sorriu…
Acho que saí de junto do polícia com uma cara de atrasada mental, sabem aquelas pessoas que parece que estão catatônicas, deve ter sido assim que devo ter ficado… paspalhona sem reação! Eu peguei nas pernas e pus-me a caminho duma das ruas, nem disse nada ao polícia… O quê? “Boa noite e obrigada pela informação que não me deu, não me sabe dar…”
Bem, lá fui eu à procura do meu bibelot. É que eu não fazia puto de ideia onde estaria, sei que numa das 3 ruas estaria. A não ser que os policias tivessem sido muito atenciosos e o tivessem ido estacionado ao pé de casa… sei lá já não digo nada!
Como conheço relativamente bem a zona, e como tenho uma sorte do caraças (como podem constatar), decidi procurar na rua mais afastada… Vou explicar porquê, primeiro porque o carro estar na rua mais próxima, que era já ali, era muita sorte para mim, e depois porque nessa rua é onde param os autocarros e é muito movimentada durante o dia, para além de que… (já vos digo).
Lá atravessei a gare do oriente de uma ponta à outra, sempre a olhar para trás na esperança de que fosse mesmo para os “Apanhados”…
- Isto é para os apanhados, não se aborreça, o seu carro está aqui!! – desejei eu ouvir esta voz…
Eu só queria o carro, mais nada! Já imaginava as voltas que ia dar… O tempo que ia perder… nunca mais ia chegar a casa! Cheguei à rua, olhei, olhei… e nada! O meu carro não estava nesta rua! Claro, não queria mais nada, não?! Ok, mas tenho mais duas hipóteses… Pensamento positivo! Voltei para trás feita paspalhona. Fui dar uma volta um pouco maior porque não queria que o polícia me visse outra vez. Se calhar ia ficar com remorsos de estar a ver uma pessoa a passar por esta situação… E eu não queria ver um polícia com remorsos! Nem pensar! Eles fizeram o trabalho deles, eu é que devia ter adivinhado que iam fazer ali um evento, olha que porra! Aliás, eu nem devia ter estacionado o carro ali por três dias… era um risco, até podia ter sido roubado! Portanto, eu devia era estar aliviada porque estava nas mãos da polícia, estava seguro com certeza… Só não se sabia onde! Bonito…
Mais uma moeda, mais uma volta!! Lá continuei eu, atravessei a estrada para o lado do Hotel. Era desta, ia encontrar o carro. Senão, tinha que ir ter com o polícia e pedir uma escolta… ou boleia até ao meu carro. Poderiam perguntar; “ E onde é que a menina tem o carro?” ao que eu responderia; “ora pergunta bem mas não sabe a quem! Vocês é que pegaram nele e o estacionaram por aí, procurem-no! Ora que caraças!”
Como devem imaginar esta caminhada até que foi agradável, eu já me estava a rir do meu próprio infortúnio. Claro que esta conversa mental continuava a ter palavrões escabrosos pelo meio! Aqui é que não os posso escrever, mas vocês sabem o que eu dizia mentalmente, certo? Era o que vocês diriam na minha situação!
Ia eu a atravessar a estrada (na passadeira! Não fosse o polícia estar de olho em mim e ainda me passava uma multa!), e os meus olhos rejubilaram!! Aquele era o meu carro… certo? Certo! Consegui encontrar!! Foi sem querer, foi no relance do olhar para atravessar a estrada. Afinal até foi rápido, evitei perder mais meia hora numa outra rua! Confesso que eu já estava a ficar angustiada, desesperada, revoltada com esta merda toda (disse merda, peço desculpa mas esta teve que ser). O carro apareceu na altura certa, porque acho que ia começar a chorar de raiva… Conclusão, lá estava o meu carro estacionado, naquela rua… Naquela rua?! Estranho! E estranho porquê, perguntam vocês… porque eu já sabia de antemão que aquela rua está sinalizada, nada mais nada menos com o sinal de trânsito “proibido parar e estacionar” por isso é que eliminei logo essa rua como primeira hipótese! Ora que lindo! Ah, grande Polícia!! Sim, senhora!! Olha que este gajos (ok, Srs Gajos) podem fazer tudo!! É hilariante ou não?! E se eu vos dissesse que o carro tinha sido multado… ah… pois é! Era o cumulo! (bem, também já chega, não estão à espera que me aconteça tudo na mesma noite!)
Não, não fui multada… mas podia ter sido! Aí sim já se justificava chamar a polícia! Mas como ia provar que foi a própria polícia que pôs ali o meu carro? E se estivesse bloqueado pela EMEL, quem pagava a multa?! E se eu tivesse sido assaltada naquela rua escura? E se… a polícia ficasse quietinha?
Pois é meus amigos, quando virem que o vosso carro não está no mesmo sítio onde o deixaram, não desesperem, lembrem-se sempre de colocar esta hipótese. Pode ser que tenha sido a polícia que o foi estacionar num sitio onde não incomodasse… Baril! A Polícia é muita fixe pá!!

Alguém me sabe dizer se isto é possível?! A Polícia pode fazer isto? Para onde posso reclamar? Ou expor a situação?
Talvez dar uma sugestão; já que podem mudar os carros de lugar, ao menos evitem passar multas, peguem nos carros e estacionem-nos em locais próprios… E que tal identificar antecipadamente as zonas onde não se pode estacionar porque vai haver um evento? Ou começar a colocar sinais de trânsito “Parque de estacionamento, excepto se exceder três dias”.
E por favor, se estacionarem o carro num outro local, ao menos estacionem num sitio onde não seja proibido, é que o bom exemplo cabe a todos, até à polícia!
É que se eu tivesse colocado a hipótese de que a polícia pode estacionar mal o carro dos outros, tinha ido logo por aquela rua porque era a que estava mais perto!

A viagem de regresso a casa, foi de pasmo! E lá continuei a praguejar. Mas pensando bem, se ia haver ali um evento e o meu carro estava ali há 3 dias, o mais natural é que o tivessem que tirar de lá… Temos sempre que nos pôr no lugar dos outros, sejamos tolerantes!

Só a mim… e não, não estava bêbeda, nem a sonhar!! Isto aconteceu mesmo!

Haja Saúde!

5 comentários:

Cláudia disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

inacreditavel minha amiga!! so mesmo contigo :)
Susana

Lobo Cinza disse...

:))
Ganda moka...
Provavelmente poderias ter reclamado na esquadra local... a mais próxima... penso eu... acho eu...
Mas que não é nada normal... ai isso não é!!!

Aúúúúúúúúúúúúúú...

Cláudia disse...

Para a próxima pede o serviço completo, estacionamento, e limpeza externa e interna! eheheh
(obrigada por teres removido o comment anterior! Lol! Nao sei o q se passou com as letras! :\ )

Anónimo disse...

Boa Tarde! Compreendo o seu desconforto mas não compreendo a fúria pela polícia. Era melhor deixar o carro no local e quando viesse estar todo riscado ou arrebentado devido ao evento? Eu não sou polícia mas posso dizer que o meu carro já foi rebocado e estou imensamente agradecido. Sabe porquê? Porque estava quase a cair uma enorme arvore em cima do meu carro e quando cheguei nem arvore e nem carro no local. Estava do outro lado da rua. Agradecido por retirarem o carro? ESTOU IMENSO E NEM TINHA MAIS COMO AGRADECER! Agora antes de criticar a polícia, pense no que poderia ter acontecido ao seu carro se não o tivessem rebocado.