terça-feira, fevereiro 03, 2009

SEREI

Já fui palhaço no circo,
Fui mendigo na fila da sopa dos pobres.
Fui actriz no palco de teatro,
Fui estrela de cinema!
Fui pobre em África!
Fui militar na guerra,
Sem dar por isso fui rica na Pérsia!
Fui bombeiro no meio do fogo,
Salvei náufragos quando era marinheiro!

Já fui de tudo um pouco,
Fui tudo e nada!
Fui o que tinha que ser.
Fiz o meu papel – o mais óbvio.

Olhando para trás,
Gostaria de ter sido o trapezista,
Que se equilibra lá no topo, que arrisca!
Gostava de ter sido solidária,
Em vez de comer a sopa, dá-la!

No centro das atenções da vida de actriz,
Podia ao menos ter sido melhor aprendiz,
Mas não, eu era a estrela que me ofuscou!
Na guerra, gostava de ter sido a bandeira branca.
E quando passei por África preferia ter sido
A cura das maleitas!
Na Pérsia, não precisava ter sido rica,

Podia ter sido um simples tapete!
(Voador de preferência).

No meio do fogo, fui árvore ardida, morta, ressequida,
Mas digo que fui bombeiro…
Morri afogada e digo que fui marinheiro!

Eu fui quem não me salvou!
Morri várias vezes nos meus próprios braços!

Da última vez que morri,
Apareci aqui, viva.

AS

1 comentário:

Cláudia disse...

A eterna questão do "poder ter feito diferente".
Quantas vezes olho para trás e penso nisso. No entanto, a confiança que temos em nós não pode referenciar-se apenas ao futuro, mas também ao passado. Devemos ter confiança no que pensamos, no que sentimos nesses momentos em que nos vimos dessa forma, em que agimos dessa forma. Foi o melhor que poderíamos ter feito nesse momento. O que devemos, sim, fazer, é aprender com o que fizemos e tentar eliminar, no futuro, esse sentimento em relação ao hoje... ;)